
Declara Ricardo Ferraço:
“O tarifaço imposto é muito ruim para o Brasil, para os brasileiros e muito ruim especialmente ao Espírito Santo. Somos uma das economias mais importante do comércio exterior, com um grau de abertura que é o dobro da média dos estados brasileiros. Rochas ornamentais, siderurgia, papel e celulose, além de produtos do agro como café, frutas, gengibre e macadâmia serão fortemente atingidos se essa nova taxação vingar.”
Diante da iminência e do potencial devastador do impacto, o Governo do Espírito Santo instituiu, em 22 de julho de 2025, um comitê estratégico para analisar e mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. A iniciativa representa uma clara decisão de enfrentamento ao desafio econômico, com o vice-governador Ricardo Ferraço à frente, liderando um grupo composto por representantes das Secretarias de Desenvolvimento, Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Procuradoria Geral do Estado (PGE), Bandes e Banestes.
“Não podemos ficar inertes, temos que agir. Estamos agindo”, reforçou o governador Renato Casagrande, endossando a postura proativa de sua gestão diante da crise. A constituição do grupo de trabalho visa, segundo o coordenador, “estarmos bem próximos aos segmentos produtivos, para entender com precisão e clareza esse impacto e definir as medidas que poderemos adotar para mitigar efeitos”.
Ricardo Ferraço defende que o Governo do Estado e o setor privado precisam estar juntos na mesma página, identificando caminhos para mitigar os efeitos econômicos e sociais, sobretudo na manutenção dos empregos e das oportunidades que todos esses segmentos geram para a economia capixaba. “Segmentos que são grandes recolhedores de impostos e que contribuem e muito para financiar as nossas políticas sociais”, destacou.
Dentre os principais objetivos do Comitê, está a necessidade de ouvir ativamente os setores afetados, realizando diálogos diretos com empresários e representantes das indústrias impactadas. Além disso, o comitê vai avaliar o impacto detalhado das tarifas na receita do estado e dos municípios, e como essas medidas influenciam as finanças tanto do governo estadual quanto das administrações municipais capixabas, com o intuito de implementar ações preventivas e estratégicas frente ao cenário imposto.
A reação capixaba se insere em um contexto mais amplo. Outros estados brasileiros, igualmente afetados, também devem reagir. A expectativa é de que a resposta seja global, um movimento já previsto com iniciativas federais, como as já articuladas pelo governo do presidente Lula para amenizar os efeitos dessas taxações.
Jornalista Lauro Nunes
Análise da Hegemonia Geo Política
Resistência ao Protecionismo: A resposta do Espírito Santo ao “tarifaço” dos EUA, com a criação de um comitê de enfrentamento, ecoa a necessidade de os estados e nações se blindarem contra medidas unilaterais. O BRICS, nesse sentido, oferece uma plataforma para que seus membros coordenem respostas e diversifiquem suas estratégias comerciais, tornando-os menos vulneráveis a pressões externas. É uma forma de não aceitar passivamente as imposições de uma hegemonia econômica.
A constituição e a expansão do BRICS, como vimos, representam um movimento estratégico de grande envergadura no cenário geopolítico. Ele surge não apenas como um agrupamento econômico, mas como um polo de resistência ou, no mínimo, de reequilíbrio frente a uma hegemonia que por décadas pautou as relações internacionais e econômicas.
Quando falamos em “hegemonia da política geo partidária”, estamos nos referindo a um cenário onde determinadas ideologias, princípios e interesses, muitas vezes oriundos de potências estabelecidas ou de blocos dominantes, ditam as regras do jogo global. Isso se manifesta em diversos níveis: nas instituições financeiras internacionais, nas normas comerciais, nas alianças militares e até mesmo na narrativa sobre desenvolvimento e democracia. Essa hegemonia, muitas vezes, reflete os interesses de um determinado “partido” geopolítico – ou seja, um grupo de nações que compartilha uma visão de mundo e busca mantê-la como o padrão universal.
O BRICS como Desafio à Hegemonia
A visão do Presidente Lula, e de outros líderes fundadores e atuais do BRICS, de criar e fortalecer este bloco, pode ser interpretada como um *enfrentamento direto a essa hegemonia. Não se trata necessariamente de uma ruptura total, mas de uma busca por *maior autonomia e voz para países que, historicamente, foram periféricos nas decisões globais.
- Multipolaridade vs. Unipolaridade: O próprio conceito do BRICS contrasta com um mundo unipolar, onde uma única potência ou bloco dita as regras. Ao fortalecer a cooperação Sul-Sul e entre economias emergentes de diferentes continentes, o BRICS advoga por um sistema multipolar, onde múltiplos centros de poder compartilham a influência e a tomada de decisões.
- Alternativas Econômicas e Financeiras: A criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e a discussão sobre o comércio em moedas locais são exemplos claros de como o BRICS busca contornar as estruturas financeiras existentes, muitas vezes vistas como alinhadas aos interesses hegemônicos. É uma tentativa de construir um arcabouço financeiro menos suscetível a pressões externas e mais alinhado às necessidades de desenvolvimento dos países do Sul Global.
- Resistência ao Protecionismo: A resposta do Espírito Santo ao “tarifaço” dos EUA, com a criação de um comitê de enfrentamento, ecoa a necessidade de os estados e nações se blindarem contra medidas unilaterais. O BRICS, nesse sentido, oferece uma plataforma para que seus membros coordenem respostas e diversifiquem suas estratégias comerciais, tornando-os menos vulneráveis a pressões externas. É uma forma de não aceitar passivamente as imposições de uma hegemonia econômica.
- Desafio Narrativo: Além das questões econômicas, o BRICS também representa um desafio à hegemonia ideológica. Ele promove uma narrativa de desenvolvimento baseada em prioridades e valores dos países do Sul, que podem divergir das agendas estabelecidas pelas potências ocidentais. Isso inclui a defesa da soberania, da não-intervenção e de modelos de cooperação que não necessariamente seguem os padrões impostos por players hegemônicos.
Em suma, a existência e a atuação do BRICS, impulsionadas por visões como a de Lula, podem ser vistas como um catalisador para uma reconfiguração do poder global. Elas buscam democratizar as relações internacionais e diluir a concentração de poder e influência, questionando a hegemonia da política geo partidária que historicamente moldou o cenário mundial. É um movimento complexo, mas que aponta para uma ordem global mais plural e interconectada, onde a reunião de forças de economias emergentes se torna uma ferramenta vital para o enfrentamento de desafios impostos por narrativas e práticas hegemônicas.